Nesse sentido, o Rio Grande do Norte-RN
foi pioneiro no sufrágio feminino quando da elaboração da Lei Estadual nº 660,
de 25 de outubro de 1927, que visava ampliar o voto às mulheres. Entretanto, só
nas eleições municipais de 1928, Alzira Soriano de Souza tornou-se a primeira
prefeita no Estado, na cidade de Lajes. Foi eleita pelo Partido Republicano,
sendo a primeira mulher a ocupar um cargo que, até então, era ocupado somente
por homens. Nas eleições de 1928, 21 (vinte e uma) mulheres do Estado já eram
portadoras do título de eleitor, mas apenas 15 (quinze) votaram. Outros
exemplos se seguem no Rio Grande do Norte: elegem-se, nesse mesmo ano, a
primeira vereadora de Natal, a professora Júlia Alves Barbosa, natural de Natal,
a mais votada do seu partido, para o período de 1929 a 1931 (NASSER, 2005, p.
75) e
Segundo Nasser, a primeira vereadora
eleita no município de Natal - Rio Grande do Norte, Júlia Alves Barbosa, nasceu
em Natal, era professora de matemática da escola Normal de Natal e, com 21 anos
de idade, requereu o seu alistamento eleitoral, sendo considerada a segunda
mulher a obter o título no RN. Esse ato teve repercussão. Foi eleita para a
Câmara Municipal com a votação mais expressiva do seu partido (NASSER, 2005
apud SHUMAHER e BRAZIL, 2000: p. 303). A importância de Júlia Alves Barbosa
Cavalcante2 se traduz no seu pioneirismo de ter sido a primeira vereadora a
assumir um cargo que até então era ocupado pelo sexo masculino, quebrando com o
paradoxo de que os homens deveriam predominar nesses espaços de poder.
O mandato da vereadora Júlia Alves Barbosa
se iniciou em 1928 e foi até 1931. De acordo a pesquisa feita na Câmara
Municipal de Natal e com os funcionários do arquivo, não consta mais a ata de
sua posse e nenhum documento relacionado ao seu mandato. O interessante nesse
período é que Julia Alves Barbosa divide com Celina Guimarães – considerada a
primeira Deputada Estadual do Rio Grande do Norte – o direito a requerer o
título de eleitora, passando a ser a segunda eleitora a requerer o título.
De acordo do (FIRMINO, 2003: p. 25), Júlia
Alves Barbosa foi alistada no dia 01 de dezembro de 1927. Entregou seu
requerimento ao juiz Manuel da Silva Xavier. Em sua audiência, compareceram
membros do Superior Tribunal da Justiça, advogados, jornalistas e
representantes do movimento organizado de mulheres potiguares. Entretanto,
devido à demora no despacho do seu processo, outra mulher teve o seu
requerimento despachado antes.
De acordo com (UDYMAR, 2012), Celina Guimarães,
na época, por ser casada e contar com o apoio do marido – um advogado e
professor –, teve seu requerimento despachado com mais rapidez e publicado no
Diário Oficial do Estado antes que Júlia
É preciso ressaltar que em seus 45 anos de
vida, Júlia Alves Barbosa Cavalcanti quebrou barreiras e enfrentou preconceitos
tendo sido uma das fundadoras da Associação de Eleitoras Norte-Riograndense –
entidade que teve um papel pioneiro no Estado, no tocante à conscientização da
mulher como cidadã e sufragista. Júlia foi casada com o professor e poeta
Francisco Ivo Cavalcanti. Foi também a
primeira mulher a lecionar a disciplina de Matemática na Escola Normal do
Estado. Ela faleceu em Natal no ano de 1943 (UDYMAR, 2012).
Apesar do seu pioneirismo, Júlia Alves
Barbosa ainda é pouco estudada no estado e pouco se ouve falar dela. Percebemos
que as militantes da causa feminista, ligadas à política, desconhecem o
pioneirismo dessa mulher que contribuiu para a luta na defesa que mais mulheres
chegassem a disputar cargos eletivos nos espaços de decisões políticas
FONTE - ALUIZIA DO NASCIMENTO FREIRE